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domingo, 14 de outubro de 2012

Nobel da Literatura 2012

Mo Yan 
Um dos mais celebrados escritores no seu país, embora não isento de polémica, Mo Yan faz habitar a sua obra de um humanismo compassivo, habitualmente centrado na ruralidade da localidade em que nasceu a 5 de Março de 1955, Gaomi, na província de Shandong. O escritor, que lançou o seu primeiro romance, Falling Rain On a Spring Night, em 1981, mereceu a mais nobre distinção do mundo da literatura por ser, segundo comunicado pelo comité do Nobel, um autor "cujo realismo alucinatório funde contos tradicionais, História e contemporaneidade". A sua escrita, como é aliás reconhecido pelo próprio, é grandemente influenciada por William Faulkner, Gabriel Garcia Marquez. 
A adaptação ao cinema de Milho Vermelho, em 1987, por Zhang Yimou e com a estrela Gong Li, filme determinante da chamada "Quinta Geração" que marcou uma nova era no cinema chinês, cimentou o seu estatuto na China e chamou a atenção do mundo. Traduções dos seus livros no Japão, França, Itália, Estados Unidos e Inglaterra cimentaram o seu estatuto internacional. Em Portugal, Mo Yan tem apenas um livro traduzido, Peito Grande, Ancas Largas, editado em 2007 pela Ulisseia. Publicada originalmente em 1995, a obra causou grande controvérsia na China devido ao teor sexual da história. Mo Yan foi obrigado a escrever uma autocrítica ao seu próprio livro, e, mais tarde, a retirá-lo de circulação. Esse episódio, aliado, por exemplo, à participação na cópia manuscrita de um discurso de Mao Zedong, em que este definia os parâmetros a seguir na arte e literatura chinesas, levou-o a ser considerado pelos opositores ao regime chinês como um autor alinhado, não independente. O pseudónimo Mo Yan, escolhido pelo homem nascido Guo Moye, significa em chinês "não fales". Dessa forma, ele que se diz sempre franco no seu discurso, lembrar-se-à constantemente de que não deve falar demasiado. Há outra leitura para o pseudónima, esta literária. Para Mo Yan, "um escritor deve enterrar os seus pensamentos e transmiti-los através dos personagens dos seus romances".

Em 2009, numa conferência na Feira do Livro de Frankfurt, respondeu às acusações de falta de independência perante o poder. "Um escritor deve exprimir crítica e indignação perante o lado negro da sociedade e a fealdade da natureza humana, mas não devemos recorrer a formas de expressão uniformes. Alguns poderão querer gritar nas ruas, mas devemos tolerar aqueles que se escondem nos seus quartos e usam a literatura para transmitir as suas opiniões".

Mo Yan abandonou os estudos muito jovem devido à turbulência causada pela Revolução Cultural e trabalhou numa quinta antes de, em 1973, se empregar como operário fabril. Alistou-se no Exército de Libertação do Povo Chinês (ELPC) três anos depois, iniciou-se na publicação em 1981 e, mais tarde, entre 1984 e 1986, estudou literatura na Academia das Artes do ELPC. Vencedor o ano passado do mais importante prémio literário chinês, o Mao Dun, Mo Yan é também vice-presidente da Associação de Escritores da China.

Entre a sua obra, onde se incluem dezenas de contos, destacam-se romances como The Garlic BalladsThe Republic of Wine, ou o supracitado Peito Grande, Ancas Largas. Segundo a Wikipedia, o seu penúltimo livro, Life And Death Are Wearing Me Out, foi escrito em apenas 43 dias, inscrevendo os mais de 500 mil caracteres do manuscrito original em papel chinês tradicional e usando apenas tinta e pincel. O último, Frog, incide sobre os abortos forçados que resultam da política estatal de controlo de natalidade ("um casal, um filho"). 

Este é o quarto prémio atribuído pela Academia Sueca em 2012 depois do Nobel da Medicina (John Gurdon e Shinya Yamanaka), da Física (Serge Haroche e David Wineland) e da Química (Robert Lefkowitz e Brian Kobilka). Na sexta-feira será atribuído o Prémio Nobel da Paz.(retirado do site da internet aqui )

2 comentários:

  1. Eu li qualquer coisa sobre a polémica do preço do livro dele… acho que subiu de 5€ para quase 30€… :P

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    1. Olá Liliana,
      Sabes como é um livro de um prémio Nobel a 5 euros não tem tanto poder a nível de mercado editorial, a 30 euros é muito mais poderoso. Mas a culpa disso é também um pouco dos consumidores.
      Agora não referindo o prémio Nobel, mas por exemplo os clássicos da Book.it lançados a 4.99 euros, infelizmente as pessoas preferem muitas delas comparar a 20 euros. Actualmente já não será bem assim devido à crise desastrosa pela qual estamos a passar. Infelizmente comprar livros é um bem de luxo, mas quem gosta de ler não pode dar esta desculpa, pois existem as bibliotecas municipais, que mesmo não estando tão actualizadas como nos agradaria, tem livros e de borla para ler e reler.
      Beijinhos e Boas leituras.

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